2011

Inauguro
mais um ano
com imagens de antes.
Flashes
de pretéritos tempos.
Não visto branco
tampouco carrego amuletos
ou muletas mentais.
Possuo apenas
imagens
palavras
melodias.
Sem fogos de artifício
encaro o ofício
de me abrir ao inusitado.
Quem sabe sua face
escura ou fúcsia
não revele-se assim inumana...
Ricardo Mainieri
Emoção eviscerada

Por tanto tempo
(interditada)
trago agora
a emoção eviscerada.
Que se abre em
versos
vozes
afetos
imagens.
Perdi a chave
que blindava
todo o inconsciente
& seus produtos doce-amargos.
Estou exposto
à visitação pública & privada.
Não tenho medo do escuro
ama(r)dureci.
Ricardo Mainieri
Poema da Semana - Livro da Tribo

O poema abaixo é um dos concorrentes ao melhor da semana no site do Livro da Tribo. Leiam os trabalhos e escolham o que acharem melhor.clique aqui
Biodiversidade
A dor me atinge.
Enlaça
todos os seres vivos.
Uma epiderme invisível
e contínua
nos une.
Implacavelmente.
Ricardo Mainieri
Opressão

sem verba & sem voz
sub-habitava um espaço
chamado vida.
Ricardo Mainieri
h-ouse

perdi o hímen
ganhei os homens
fui possuída por inúmeros
hormônios
hospedo histerias
na memória
deixo evadir
as melhores histórias
sou hora agá
hipérbole
habitat
no menu de hoje
sou o hábito
que há
possuo humor
mal passado
hálito al dente
horror ao pacto
reticente
adoro um hífen
ace-bolado
valéria tarelho
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mais poemas da Valéria neste blog: clique aqui
Ainda pulsa a poesia

sobrevivente
de leituras & descasos
se é boa
fixa na mente
no sangue
no gesto
senão
vira fuligem de palavras
e parte...
Ricardo Mainieri
Meus amigos

Não esqueçam
de me visitar
nas noites
de inverno
quando o medo
cobra caro
e as feridas
não deixam mentir
insolúvel jogo
de espelhos
entre mim
e o que fui
ando bêbado
pela casa
meu coração
é operário
desempregado
com filho pra criar
mulher feia
sem crédito no armazém
me enrosco
em invenções
inúteis
pra repartir contigo
um espaço de ternura
sinto umas
coisas estranhas
caminharem atrás de mim
um cano de fuzil
um casal de velhos famintos
um câncer
e me desagrada não ser
como certos fantasmas
convoco o
silêncio e
suas raízes
inauguro a
manhã
não, eu não sou
uma estrela
um rio
um barco
nada se compara
ao que sinto
preciso todos
ao redor da mesa
principalmente
os desaparecidos
como certos crepúsculos
que a gente vê
fogem e nunca mais
Jorge Adelar Finatto
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Poema do livro Claridade, co-edição Prefeitura Municipal de Porto Alegre, Editora Movimento, Porto Alegre, 1983.Veja mais neste blog:o fazedor de auroras
Silêncio

Um eco mudo
no oco do mundo
reverbera.
Ricardo Mainieri