mainieri's

sexta-feira, janeiro 27, 2006

Despedida






A manhã (a)cena
seus lenços brancos :
despedida.

Ricardo Mainieri


( o poeta vai tirar uns 20 dias de férias.Voltará mais renovado...e poético )

quarta-feira, janeiro 25, 2006

São Paulo By Nigth






No topo
da metrópole
luzes
intermitentes.


O fluxo dos veículos
embaixo
não me percorre
acima
só percussão de acordes
no compasso do caos.


A cidade
invade a noite.


Da janela
do 41.° andar
o céu de Sampa
subtraí
estrelas.


Precisava tê-las?


Ricardo Mainieri

Homenagem ao aniversário de Sâo Paulo
copyrigth da foto : Ricardo Mainieri

terça-feira, janeiro 10, 2006

Em tempo

















Do azul

à asa da ave

haja o hálito

do tempo.



Sobrevoa

a várzea,

rara imagem hoje,

um bando álacre de pássaros.



Deixem vir os pássaros,

enquanto tantas tardes ainda morrem.



***

Enzo Carlo Barrocco

Belém - Pará

segunda-feira, janeiro 09, 2006

Cegueira






Poesia

deixou rastros.



Não percebi.



Mostrou-se nua.



Meus olhos

eram só sintonia

para o mundo

concreto

factível.



Imerso

nas correntes

oceânicas

dos compromissos

a desprezei.



Ela tornou a voltar.



Arrependido

aprisionei-a

em estrofes.



Ela ficou comigo.



Ricardo Mainieri
*** publicado na revista eletrônica da UNIGRANRIO - setembro/dezembro 2005
  • Para conferir a revista clique aqui

  • quinta-feira, janeiro 05, 2006

    se ele não ligar, não ligue!





    **roberta silva

    Nove e meia. Ele disse que ligaria às nove e meia. Pelo jeito que respondeu quando perguntei se ligaria mesmo, pareceu que ia. Oito e quarenta. Vou tomar um banho. Um banho bem demorado. Cinqüenta minutos, não, uma hora. Ele liga, não posso atender, depois eu ligo. Digo que estava no banho e nem ouvi o telefone tocar. "Quando saí e vi o número no Bina é que me dei conta de que estava tarde". "Sim". "Ótima, um pouco cansada". Bocejo? Não, só quando ele começar a contar seu dia. Isso vai deixá-lo sem graça. Sim. Vai. Peço desculpas e falo que passei o dia escrevendo, que em cima da hora a editora recusou o texto, que deu prazo para ontem. Se ele perguntar se não prefiro descansar? Posso dizer: "Não vai ficar chateado? Insisti tanto para você ligar". Aí ele diz: "Não, tudo bem". Com cara de rato molhado. Bem que podia. Ia ser bom. É. Ia. Será que o banho não demorou? Sempre ouço o telefone. Nove e quarenta e cinco? Não. Tem linha. Vou passar meus cremes. Assim ganho uns quinze minutos. Dez horas. Talvez ele tenha dormido. Tem trabalhado tanto! Não, não ligue! Por favor! Por favor! Por favor! Não ligue! Toda vez a mesma coisa! Ele esqueceu! Ele esqueceu! Ou não quis. Coitado! Pode ter acontecido algo bem mais simples. Sim. Simples como ele não* estar nem aí para você, Idiota! É estranha a dor disso. Será que tenho problema no coração? Está doendo aqui. Ai. Liga! Liga! Liga, Seu Desgraçado! Pare de chorar! Pare de chorar! Pare de chorar! Tome um calmante! Todos? Não! Não! Não! Só um. Meio. Só para relaxar. Dois, melhor. Senão não durmo e fica pior. Droga! Droga!... Droga... Hummm... o... te-le-fo-ne... alô?... não, eu... não... es-tou...



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    ** Roberta Silva, pseudônimo Sweet Ragi, é uma poetamiga, lá das Minas Gerais.
    Também produz contos de qualidade, cfe. vcs. podem ver.
    Visitem este site e confiram mais gente boa:
    www.escritorassuicidas.com.br