mainieri's

sexta-feira, julho 29, 2005

Chet Baker, um homenino





Chet Baker era um homenino, como diria Caetano.
Habitava o mundo da sensibilidade e da doçura quando tocava seu trumpete.
Encantava, quando cantava seus standards, dando seu toque personalíssimo.
Mas, o homem assumia o comando e saía à busca de drogas pesadas, numa viagem sem tréguas.
Este mundo acabou-se num hotel de Amsterdã. Em sua queda, o solo, frio, não o recebeu com aplausos...

Ricardo Mainieri

quinta-feira, julho 28, 2005

valium














acordo cedo:
neuras indomadas
medos mal dormidos

bocejo um verso avesso
cheio de dedos
não-me-toques
tiques

mal espreguiço
vendo a alma ao vício
:
acendo um café preto
requento o cigarro
[lembro que o poema
que ora escrevo
ainda nem foi ao banheiro]

acordo cedo
com o pé esquerdo
pisando nos meus calos


valéria tarelho
http://valeriatarelho.blogspot.com

ilustração : http://www.valeumvalium.blogger.com.br/

segunda-feira, julho 25, 2005

Nas salas do Poder













Despem-se
as persianas da manhã
o dia se anuncia hostil
sob a mira dos fuzis
da crítica humana.

Não existe guerra
rasgam-se esperanças
em torturas sutis
ardis civilizados.

Sentado/calado
à mesa de trabalho
observo homens brutalizados
que se saciam
com a carne podre do poder.

Ricardo Mainieri

sexta-feira, julho 22, 2005

Vôo cego




A vida transita
na avenida.

Nela movem-se sonhos
desejos
disfarces.

Felicidade é ilusão?

Depende da ótica
no jogo cego
da tentativa-erro
onde perdemos
a preferencial.


Será que existe um caminho
ou somos atropelados
pelo destino
na próxima estação?

Ricardo Mainieri

inspirado em poema de Roberta Leal(Sweet Ragi)

segunda-feira, julho 18, 2005

All jazz




Ouço jazz
em contraponto
a vida lá fora
e harmonizo
os compassos do coração

Ricardo Mainieri

terça-feira, julho 12, 2005













A serra
descerra
raro panorama.

Azul profundo
entremeado de verdura
vivas cores
& aromas.

Respiro mansidão & paz
paraíso
& vertigem...

Ricardo Mainieri

terça-feira, julho 05, 2005

Alphavella



Favelas
velam o sono
da burguesia.

Promessas de caminhos
assépticos & salubres
no discurso dos políticos.

Distantes disso
pobres padecem no céu
& esgoto abertos.

Ricardo Mainieri


inspirado no poema Favela de uma amiga