mainieri's

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Carn(e)aval


















O país cerra as portas
no Carnaval.

Abre o manancial
de fantasia
inunda mentes & corpos.

Entre um copo & outro
mulheres belíssimas
se anunciam.

No shopping-center
das avenidas
desfilam & excitam.

No entanto, tudo passa
a fome de pão
e de invenção
continua...

Trazidos à realidade
contamos os reais.

E vislumbramos
a vida
nua & sem glamour

Ricardo Mainieri

quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Ícaro urbano





Acordes da manhã
no horizonte fosco
São Paulo surge.

Janela aérea
abaixo
edifícios & os homens.

Trago na mente
outro clima & climax
fecundando a cidade.

Desadormeço.


Ricardo Mainieri

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Ravel e o rio




O sol
soluça sua luz.

Manchando o horizonte
num rastro
rubro & aquoso.

Trilha sonora de Ravel
solene compasso
na moldura do rio.

Paraibanamente
encontro a Paz.

Ricardo Mainieri

poema escrito após presenciar o exuberante pôr-do-sol, na praia fluvial de Jacaré, Cabedelo, PB, ao som do Bolero de Ravel - créditos Ricardo Mainieri

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Cacto






Na aridez do deserto
a vida percorre caminhos
de clorofila e silêncio

Solange Firmino


---------------------------------------------------------------

Lindo poema da amiga carioca Solange Firmino, professora, poetisa e aficcionada por mitologia.

domingo, fevereiro 12, 2006

Presságios cósmicos






Ausculto o céu sem estrelas em busca de presságios.

Com pressa, como sempre, não percebo nuances, detalhes.

À esquerda, Vênus flui eflúvios de amor.

Mercúrio, tão próximo ao Sol, em passos rápidos
envia sinais e eu os decodifico.

Marte, em tons escarlates, lembra batalhas diárias,
a cota de energia aplicada em projetos & sonhos.

Saturno, glacial planeta, nos traz as estruturas e lentifica as ações.

Saio deste universo. Percorro outras galáxias.

Em todo o canto, a sinfonia da Criação

Ricardo Mainieri

sábado, fevereiro 11, 2006

Inimigo invisível






Pensamentos intensos cruzavam seu cérebro.

Imagens iam e vinham se sobrepodondo, desordenadas.

Antes estivesse sob efeito de algum alucinógeno.Porém, nada bebera ou consumira nas últimas 24 horas.

Aperto no peito, suor frio, uma sensação iminente de desespero.

Cada minuto consumia cargas imensas de sua energia.Como um redemoinho lhe sugava.
Pensou em deter os pensamentos.Tolice!

Eles se avolumavam como nuvens prestes à tempestade.Que iria irromper à qualquer momento.

Nisso, o médium que coordenava os trabalhos anunciou :

- Carlos, você está livre daquele espírito obssessor.Vá para casa.Mentalize seu guia espiritual.Uma ótima semana para você.

Dirigiu-se para a saída.

Deixou a casa e junto toda a angústia que o perseguia.Feliz, mas vigilante.



Ricardo Mainieri