mainieri's

quarta-feira, dezembro 30, 2009

Retros(pers)pectiva






Pelo retrovisor
vejo que o ano
abraça a reta de chegada.

Corrida de obstáculos
parcialmente vencida na lida
na paciência & na superação.

Suor & cansaço
algum anelo ou afeto
brindam o coração.

Que cadenciadamente
pulsa & bombeia
sangue, esperança & outras quimeras...



Ricardo Mainieri

segunda-feira, dezembro 28, 2009

Estad(i)os de alucinação






O craque
maltrapilho
municia caóticos
incautos
com crack.


A pedra vaza
a meta
(mente)
sem nenhum glamour.


Ricardo Mainieri
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um dos flagelos da juventude atual, uma
"bad trip" sem acostamento...

segunda-feira, dezembro 21, 2009

Natal 2009






Mesmo no meio da noite, a luz pode emergir...

Deixe que o lume do entendimento e o brilho dos sorrisos
iluminem seus próximos 365 dias.

Feliz 2010!


Ricardo Mainieri

sexta-feira, dezembro 18, 2009

Papai Noel e os executivos de marketing





A Terra fez, como sempre, seu movimento de translação em relação ao Sol. Mais um ano finaliza e, novamente, se aproxima o período natalino.

O calor aumenta no Hemisfério Sul, o pagamento do 13.º salário está se processando e as férias esperam pelos cansados trabalhadores. Uma certa euforia impregna a atmosfera, as pessoas, assim como as roupas, parecem mais leves.

No entanto, a nível explícito ou subliminar, a propaganda vai inoculando , suavemente, o doce lenitivo do consumo. Seja uma necessidade real ou uma vontade sublimada, o desejo de se apropriar de bens e serviços sofre grande influxo, neste período.

No calendário promocional, as festas natalinas são líderes no ranking de compras. As pessoas vão, durante o ano, represando suas demandas e, quando o ano se põe, saem a consumir o que o orçamento permite e o que o limite dos cartões de crédito libera...

Freud, em uma de suas obras, cunhou o termo “libido objetal”. Ele se referia às pessoas que, em diversas situações, desviam seu interesse dos prazeres concretos sublimando-os por objetos substitutivos. O amor, o impulso da conquista, acabam sendo trocados por um carro zero km ou um televisor de plasma. Isso, quando os indivíduos têm crédito e posses ...


A solidão do homem moderno, também, concorre para o consumo. Os executivos de marketing dos shopping-centers sabem disso. Percebem que as pessoas vão às lojas ao final da tarde e compram roupas, acessórios, bebidas finas, para se recompensarem do stress do trabalho, , das carências emocionais, da falta de companhia.

Na Inglaterra, uma pesquisa demonstrou que os indivíduos solitários, diante de um aparelho de televisão, em vários momentos, beijavam os atores e atrizes na tela do monitor. Naturalmente, as redes de comunicação começaram a aumentar o número de closes em programas e comerciais. As engrenagens do consumo não podem parar de girar...

Deste modo, vamos nos aproximando do primeiro Natal pós-crise mundial. Os países, pouco a pouco, vão recuperando seus ativos. Alguns esparsos empregos temporários são criados e a economia e seus movimentos parecem entrar nos eixos.


Não saberia responder se este estado de coisas, estes ventos favoráveis irão perdurar. Sou apenas, um cronista. Porém, de qualquer forma, priorizar os melhores preços, poupar o que não for gasto e pensar na vida em médio prazo é uma receita válida, digna de qualquer economista de botequim...

Por isso, prefiro deixar com vocês, um poema que tenta refletir sobre tudo isso. Ele não rende juros nem correção monetária, mas é uma poupança emocional para outros momentos mais ásperos. Fiquem com ele:


Consumo, logo existo


Meus olhos passeiam
pelas prateleiras
do supermercado.

Nenhuma paisagem
acessível ou nova.

Desfilam produtos
meros substitutos
de uma carência que só cresce.

Confortavelmente
em meio a efeitos & luzes.
o consumo é protagonista.

O acidente de trabalho
o salário aviltado
o desgaste da natureza
ficaram fora de foco.

Na mente
como um mantra
a música natalina reprisa
esperança amor & paz...


Ricardo Mainieri

segunda-feira, dezembro 07, 2009

Há dote






doa-se
um domingo
abandonado:
dócil
castrado
vacinado
vermifugado

domingo sem carrapatos

doa-se
um domingo amigo
que não estraga sapatos

tímido domingo
não late
não morde
não faz alarde

domingo de pequeno porte
ideal para passear
no shopping


Valéria Tarelho

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publicado no livro "Poemas que latem
ao coração". Mais poemas da Valéria:Aqui

quarta-feira, dezembro 02, 2009

Fake






Elogiaram
minha camisa Lacoste.

Fiquei quase da mesma cor.

O jacaré na lapela
não se conteve.

Sorrindo então disse:
la garantia soy yo...


Ricardo Mainieri