sexta-feira, novembro 26, 2010
quarta-feira, novembro 24, 2010
Bom rapaz

Flerto com uma (p)rima rica
pobre de mim
sem sorte no verso
e no amor...
Ricardo Mainieri
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este poema concorre
ao poema da Semana, no Livro da Tribo.
Vote: Livro da Tribo
segunda-feira, novembro 22, 2010
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sábado, novembro 06, 2010
sexta-feira, novembro 05, 2010
Vivendo vidas alheias

Peter Pantoliano, meu amigo querido, telefona do carro. Ele está escutando um programa no rádio em que os ouvintes ligam dizendo o nome de alguma personalidade, que eles gostariam de ter sido numa vida passada.
Em alguns casos, dependendo da idade do ouvinte, a ele é facultado o direito de trocar de identidade com alguém ainda vivo, ou um defunto relativamente fresco.
Incentivado pelo amigo, sintonizo a rádio e uma mulher de voz cansada relata sua vontade de ser Ava Gardner. Outra quer ser Marylyn Monroe.
“As louras se divertem muito mais”, diz repetindo o manjado bordão. Devem ser contemporâneas do mito, penso com meus botões.
Falam de uma época de ouro numa Hollywood mais escrupulosa e ingênua do que esta de hoje.Mas esta Hollywood de agora também tem seus simpatizantes.
Um rapaz queria ser Brad Pitt, outro se insinua Tom Cruise.
E enumera Penélope Cruz, Nicole Kidman e outras beldades que passaram pela cama do baixinho mais charmoso do cinema atual.
Um homem de voz grave, fala em Miles Davis mas prefere ser John Coltrane.Ele é amante de jazz.
Redescubro no programa o quanto o norte-americano é patriota.Uns três John Kennedys ligaram para a rádio.E pelo menos cinco Abraham Lincolns.
Um sujeito queria ser Bill Clinton e não demorou a aparecer uma Hillary, mulher carismática e forte. Para a felicidade desta, nenhuma Monica Lewinsky deu o ar de sua graça para azucrinar a paz no lar.
George Bush também não deu as caras.Ainda bem.
Entre os esportistas, quatro Michael Jordans, dois Lebrons James e nenhum Derek Jeter. O basquete continua em alta.
Um menino que se auto-intitula “O Super Hacker” não telefonou, mas mandou um e-mail. Acha que seria um excelente Bill Gates.
Outro ouvinte, com a voz embargada de quem está para lá de Marrakesh, diz que é um clone perfeito de Ozzie Osbourne. Mas seria mais feliz e mais bonito se fosse o Robert Plant, do Led Zepelim.
Com bossa e gingado na voz, essa mulher presumivelmente negra, fala das benesses de viver sob a pele de ébano de Oprah Winfrey.
“Poderosa, poderosa, poderosa e poderosa. E podre de rica”, disse, soltando em seguida uma sonora gargalhada.
“Eu seria a dona desta rádio. E você estaria desempregado”, ameaçou.
Um maluco liga dizendo que é a reencarnação Jesus Cristo.
Ele liga logo após Bono Vox, do U2. E este pediu paz na terra aos homens de boa vontade.
Reconheço pelas ondas do rádio uma voz que me é familiar.É Peter Pantoliano, que quer ser Frank Sinatra. E ele explica o porquê.“Talentoso, rico, famoso, influente, bonito, popular entre o mulherio e ítalo-americano, como eu”.
Ganhou um elogio do apresentador, que tocou Strangers in The Night, logo a seguir.
Durante alguns segundos, fiquei feliz por ter Frank Sinatra como amigo do peito.
Animado, quase entrei na brincadeira.
Parei na ameaça de que nem todo mundo entenderia minha escolha.
Estamos vivendo uma era em que Tupak Shakur é herói, quase um mártir. Paris Hilton é ícone. Britney Spears possui uma legião de fãs.
Após a minha participação, certamente, ficaria aquele silêncio constrangedor. Esse era o medo.
Por mais que eu argumentasse “Cidadão do mundo, gênio, maestro, poeta da canção, PHD em trinado de passarinho, bacharel em samambaias, doutor em chope e feijoada, brasileiríssimo o seu coração”.
Como uma espinha de peixe, aquele meu Tom Jobim ficaria engasgado na garganta geral.
Apostei na ignorância da audiência, fiquei na minha.
E troquei de estação.
À noite, encontrei Peter Pantoliano para o chope sagrado de cada dia.
Tão logo entrei no bar, observei que nem ele tinha os olhos azuis de Frank Sinatra e nem eu os cabelos compridos e bem cuidados de Tom Jobim.
Ficamos conversando durante umas três horas e em nenhum momento sequer, o programa de rádio daquela tarde foi tema de nossas discussões.
Rimos, bebemos, gracejamos, celebramos nossa amizade do jeito que sempre foi.
Três horas depois, saí dali assoviando Garota de Ipanema.
E aquela canção não era minha.Nem a letra era de Vinícius de Moraes.
Roberto Lima, Pedra Corrida, Vale do Rio Doce
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Prestigiem o blog, onde Roberto Lima escreve.
Neste endereço: blog
segunda-feira, novembro 01, 2010
Poema premiado

Meu poema Árida Travessia foi selecionado no Concurso Asabeça 2010.
Será editado numa antologia que engloba diversos autores do Brasil, através do Grupo Editorial Scortecci.
Confiram neste endereço:
prêmio Asabeça 2010
Aqui o poema
Árida travessia