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quarta-feira, novembro 08, 2006

Vampirismo






Por vezes, você está distraído. Naqueles momentos de reflexão ou de olhar para o horizonte. Assim, meio zen.

Aí, surge a criatura. Normalmente, gentil e frágil ao primeiro contato.

Ele lhe conta das desventuras da vida. De sua falta de reconhecimento. De suas paixões não correspondidas. Lembra um Woddy Allen mais jovem.

Você sente pena, empatia. Começa a consolá-lo.

Ele, como uma criança birrenta, reclama de suas investidas. Reinaugura o mito do amor incondicional. Quer olhos, nariz, ouvidos, pele e boca ligados ao que fala. Hipnotizados, por seu pensamento circular.Deseja uma vida onde só exista outro ego a se dispor inteiro para seus interesses. O superego é um ser muito indesejado.

E você sente-se esgotada. A cada elogio, ele se reforça. A cada puxada discreta nas orelhas, ele se revolta.

E, aí amiga, você não sabe o que fazer. Não lhe resta nem o recurso do conto de Borges, onde diante do inevitável da morte o personagem acorda.

Como um vampiro pós-moderno ele vai lhe sugando as energias. Um dia você explode. E a guerra está declarada.

Ricardo Mainieri

1 Comentários:

  • E é uma guerra santa! Também tenho poemas sobre isso, Ricardo. Gostei do seu texto. Abraços

    Por Blogger Fabio Rocha, Às 2:16 PM  

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