Poesia: partilha simbólica
Ao se fazer uma busca no GOOGLE, a palavra partilha é encontrada, principalmente, como expressão do meio jurídico. No caso, o formal de partilha feito por ocasião do inventário.
No entanto, pretendo falar de partilha, sob outros aspectos. Quero dizer de coisas que se dividem, não a nível monetário ou de bens, mas de poesia, como uma espécie de comunhão.
Pois, a poesia é um bem de baixo valor agregado. Simbólico. Não pode ser considerada, na linguagem dos economistas, uma commoditie confiável.
A poesia é economicamente estéril, não gera lucros. Por isso, não movimenta mercados futuros, nem salda dívidas passadas...
É apenas uma coleção de imagens & palavras que se desfazem no ar...(perdoe-me, Marshall Berman, pela livre-associação com o título de seu livro)
Entretanto, repousa profunda dentro de nós. Basta entrar em contato com um poema bem escrito. Fruir sua seiva de sons & imagens. Neste momento, temos a sensação, inequívoca, de provar um néctar de sutilezas.
Como um segredo cálido, a poesia se desnuda aos olhos de cada leitor.
Uma sucessão de véus e sons que vão se mostrando, a cada nova leitura. Com sensualidade, envolvimento.
Fiquem, então, com a poesia:
Cegueira
Poesia
deixou rastros.
Não percebi.
Mostrou-se nua.
Meus olhos
eram só sintonia
para o mundo
concreto e factível.
Imerso
nas correntes oceânicas
dos compromissos
a desprezei.
Ela tornou a voltar.
Arrependido
abracei-a em estrofes.
Ela ficou comigo.
Ricardo Mainieri
5 Comentários:
Encantador, Ricardo!
Se me permite,
pareceu-me apenas controvertido
o verbo aprisionar.
Não ficaria mais leve
se a abraçasse em estrofes? : )
Um beijão,
doce de lira
Por Renata de Aragão Lopes, Às 9:52 AM
Fiquei feliz
por haver considerado
minha sugestão.
O acontecimento
tem tudo ver, inclusive,
com o que disse acima:
poesia é partilha! : )
Por Renata de Aragão Lopes, Às 10:04 AM
hoje também falo de partilhas...
e a poesia é um bem, imaterial ou não, a ser compartilhado.
beijo.
Por nina rizzi, Às 5:58 PM
Avaliar a poesia para além do "entusiasmo criador, inspiração", mais me parece uma forma de respirar, ou reconhecer na partilha dessa arte, algo que tenha essa mesma cadência; a de não se permitir sufocar ou ter como destino o esquecimento do pensar, e então frasear, versar: o ouro é de quem ousa! A leitura também. Beijo amigo Ricardo.
Por Tere Tavares, Às 8:18 PM
Querido Ricardo,
é isso mesmo:" a poesia deixa rastros" na alma, de forma absolutamente marcante. Felizes os que a exultam, pois são riquíssimos :)
1 Bj*
Luísa
Por antes blog do que nunca!, Às 11:21 AM
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