Tribunalma
Severamente, o juiz o olhava.
Para evitar a colisão, desviou a vista.
Sentiu um calafrio percorrer a espinha e o suor desaguar, indiscretamente, na cueca.
Todo aquele paramento judiciário, a voz grave, o ambiente austero, o oprimia.
De imediato, o magistrado deu início ao interrogatório.
- Senhor Juliano, jura dizer a verdade, apenas a verdade?
- Juro, disse num balbucio.
- Onde estava o senhor, quando ocorreu o roubo das pedras preciosas?
- Em casa, senhor juiz.
- O senhor tem como provar isso?
- Apenas a minha palavra empenhada.
- Isto não é suficiente
Ficou ruborizado. As mãos tamborilavam , freneticamente, na cadeira.
Lembrou-se do personagem Pinóquio e de seu nariz. Naturalmente, de alguns políticos conhecidos...
- Senhor Juliano, disse o meretíssimo, temos na sala um detector de mentiras.
- Mas, eu não menti, senhor juiz.
- Veremos.
E o magistrado foi buscar a engenhoca, habilmente escondida em uma mesa ao seu lado. Colocou-a próxima a Juliano e disse:
- Observe, então, senhor Juliano...
Nisso, acordou do pesadelo. Respirou aliviado.
Precisava ver menos filmes de ação à noite, pois senão viveria em constante pavor.
Apalpou seu nariz. O tamanho permanecia normal.
Ricardo Mainieri
4 Comentários:
Oi, Mainieri. Aos poucos você vai crescendo na prosa. O texto é bom. Parabéns. Beijos.
Dôra
Por Anônimo, Às 1:22 PM
Dizer que você é excelente seria chover no molhado então resta-me apenas informar que sou sua fã e leitora assídua, não só lá no Recanto.
Beijos no seu coração e obrigada pelo estímulo e carinho.
Cris Lacerda
Por Anônimo, Às 7:43 AM
Vou chover no molhado: "Excelente texto". Vou explorá-lo: continue escrevendo umas coisas "bacanas, assim, pra gente!
Por Anônimo, Às 4:51 PM
Criei um link do seu blog, no blog cônicas do joel
Por JOEL ROGERIO, Às 5:19 PM
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